Um
enorme transatlântico partiu de movimentado porto rumo a outro continente. Do
convés, os passageiros acenavam lenços e agitavam mãos, em manifestações de
adeuses.
No
porto, muitas pessoas acenavam igualmente e lançavam beijos ao ar, num misto de
antecipada saudade e carinho.
Pouco
depois, os que se encontravam no convés, ainda observando os que permaneciam em
terra, puderam constatar uma nuvem de gaivotas prateadas acompanhando o imenso
navio.
O
seu voo atraiu a atenção de quase todos, tanto pela algazarra que promoviam,
quanto pelo capricho de suas voltas, ao redor da enorme máquina concebida pelo
homem.
Passada
uma meia hora de viagem, o tempo se tornou ameaçador. Ondas de espuma se
levantavam ao açoitar dos ventos violentos.
Esboçou-se
no firmamento uma tremenda tempestade. Com suas possantes máquinas, o navio
cortava as vagas agitadas e parecia fazê-lo com dificuldade, dada a presença
dos elementos da natureza em convulsão.
Um
dos poucos viajantes que até então permanecia no tombadilho, contemplou as aves
a voejar e as lastimou.
Como
podiam elas, com suas asas tão débeis, lutar contra o tufão, desamparadas nos
céus? Elas nada tinham além do próprio corpo para o enfrentar.
Suas
asas resistiriam ao vento implacável, se o possante navio, com suas máquinas
que representam milhares de cavalos resistia com dificuldade ao tempo
torrencial?
De
repente, aquele homem que estava tão compadecido das avezinhas do mar, ficou
perplexo. É que as pequenas gaivotas, estendendo as asas que Deus lhes deu,
abandonaram o navio na tempestade e se ergueram acima da tormenta, passando a
voar numa região serena dos ares.
E
a máquina, representando a ciência humana, prosseguiu na sua luta penosa para
resistir à fúria dos elementos.
Em
nossas vidas ocorre de forma semelhante. Quando pretendemos lutar unicamente
com nossos próprios meios, encontramos o fustigar dos ventos das dificuldades
atrozes, que vergastam a alma e maceram o corpo.
Contudo,
se utilizarmos os recursos da oração alcançaremos as possibilidades das asas
das gaivotas.
Pelas
asas poderosas da prece, o homem pode se elevar acima das tempestades do
cotidiano e voar placidamente.
Envolvidos
pelas luzes da prece, alcançaremos regiões que o vendaval das paixões
inferiores não alcança.
Fortificados
pela oração, enfrentaremos o mar agitado dos problemas, a fúria das
vicissitudes, e chegaremos ao porto seguro que todos almejamos.
Quando
o triunfo nos alcançar ou quando sofrermos aparentes quedas, busquemos Jesus e
falemos sem palavras ao Seu coração de Mestre e Amigo.
Condutor
vigilante de nossas almas, Ele assumirá o leme da frágil embarcação das nossas
vidas, permitindo-nos singrar o mar agitado das nossas dores, com coragem e segurança.
A
medida ideal será sempre orar antes de agir, a fim de evitar que procedamos de
forma imprevidente, o que nos conduziria ao desespero e a maior soma de dores.
Redação do Momento
Espírita, com base no cap. A tempestade e as gaivotas, do livro Lendas do céu e
da Terra, de Malba Tahan, ed. Melhoramentos e no verbete Oração, do livro
Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
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