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segunda-feira, 31 de março de 2008

AS QUATRO ESTAÇÕES...


Eu nasci no verão. Eu consegui meu primeiro emprego no outono. Casei no inverno. E dei meu primeiro beijo, lógico, na primavera.
Verão me anima porque os dias são longos e quentes. Outono me empolga, porque é frio mas é calor. Inverno me deixa feliz, porque adoro cinza. Primavera me excita, já que as flores são assim mesmo, lindamente excitantes.
Mas eu odeio verão, porque nada acima de 23ºC pode ser bom. E odeio um pouco o outono, porque chove de forma louca e inesperada. E detesto inverno, porque minhas janelas têm frestas. E abomino a primavera, porque... bem, porque eu sou reclamona o ano todo.
Possuo duas saias boas, dois biquínis, duas calças leves e seis casacos de frio (além de quatro cachecóis, duas boinas e um daqueles fones peludos para proteger a orelha). Adivinha minha época fashion predileta...
No verão a gente paga IPVA. No outono, Imposto de Renda. No inverno a gente abre o bolso para as férias. E na primavera nós morremos de depressão porque temos contas demais a quitar.
Gostaria de conhecer o Havaí em um próximo verão. E de passar todo um outono em Nova York. E de me lançar no inverno russo. E de curtir a primavera na Holanda. Ou em Holambra, que é mais pertinho.
O ano brasileiro começa no verão e termina no verão. Aliás, desconfio que tudo aqui é verão e o inverno, quando muito, pega um final de semana para dar as caras.
Por sinal, esse negócio de comemorar o Natal no verão acaba com a gente. Não podíamos transferir a festa para 25 de julho? Faria mais sentido – e ainda poderíamos assar carnes no forno sem deixar a casa fresca como a cratera de um vulcão.
Verão tem campanha para afastar a dengue e festivais de música bem cafonas na praia. Inverno tem campanha do agasalho e divertidas festas juninas. E na primavera e no outono eu caço nos jornais uma festa da uva ou do morango que seja! E entro em campanha para que essas estações durem mais tempo.
Aqui em São Paulo às vezes faz as quatro estações num dia só. Por isso mochila de paulistano costuma ter um guarda-chuva, uma malha, protetor solar e uma boa cartela de remédio para gripe.
Fico preocupada no verão, no outono, no inverno e na primavera – pensando em quem passa pela seca sem ter poço, pelo frio sem ter cobertor, pelas enchentes sem ter casa alta.
As estações passam por nós como se o Universo estivesse fazendo magia. E seus encantos me pegam, felizmente, o ano todo.
Desconheço a autoria

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