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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

SILÊNCIOS E PALAVRAS...

Na palavra, a comunicação se realiza. No silêncio, ela se completa. Pois a compreensão se concretiza a partir do silêncio. Há poder em ambos e a sabedoria é usar bem esses dois tempos da comunicação. 
Dentro de uma composição as pausas são tão importantes quanto os sons. Uma boa orquestra é aquela que executa bem as dinâmicas das pausas e das continuidades. Mesmo no silêncio da pausa a canção continua. 

Não diga as coisas com pressa. Mais vale um silêncio certo, que uma palavra errada. O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade recomendava aos poetas: 

"Convive com os teus poemas antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. 
Espera que cada um se realize e consuma 
com seu poder de palavra e seu poder de silêncio." 

A recomendação do poeta é sábia e pertinente. Um poema só é bem, só é bom, se maturado na sementeira do silêncio. Antes de se tornar palavra, a poesia é experiência de vida silenciosa. Os artistas sabem disso, e nós precisamos aprender. 

Demora naquilo que você precisa dizer. Livre-se da pressa de querer dar ordens ao mundo. É mais fácil a gente se arrepender de uma palavra dita, do que de um silêncio. Palavra errada na hora errada pode se transformar em ferida naquele que ouviu, também naquele que disse. 

Há muitos momentos da vida em que o silêncio é a resposta mais sábia que nós podemos dar a alguém. Na pressa de falar, corremos o risco de dizer o que não queremos, e diante de tudo que foi dito, nem sempre temos a possibilidade de consertar o erro. 

Palavras erradas costumam machucar para resto da vida, já o silêncio certo, esses possuem o dom de consertar. Por isso, prepara bem a palavra que será dita. Palavras apressadas não combinam com sabedoria. Os sábios sempre preferem o silêncio. E nos seus poucos dizeres está condensada uma fonte inesgotável de sabedoria. 

Não caia na tentação do discurso banal, da explicação simplória. Queira a profundidade da fala que nos pede calma. Calma para dizer. Calma para ouvir. 

Uma regra interessante para que tenhamos uma boa compreensão de um texto, é justamente a calma. Só assim podemos adentrar nos significados que o autor quis sugerir e consequentemente mergulhar no mistério do seu texto. Leituras apressadas podem fomentar equívocos, e equívoco é uma espécie de desentendimento entre o que escreve e aquele que lê. É uma forma de obstáculo para a compreensão da linguagem. 

Na comunicação verbal cotidiana, isso sempre acontece. Dizemos, e não somos compreendidos. Diante do impasse duas realidades são possíveis: ou alguém disse com pressa, ou alguém escutou sem atenção. Dizer e ouvir requerem silêncio. 
Só diz bem, aquele que pensou antes no que iria dizer, e ouve melhor aquele que se calou para escutar. A regra é simples, mas exigente. 

Por isso hoje, nesse tempo de palavras muitas, queiramos a beleza dos silêncios poucos.


Padre Fábio de Melo

O INFERNO SÃO OS OUTROS…

O título deste texto trata-se de uma famosa frase escrita pelo filósofo francês Jean Paul Sartre na peça Entre Quatro Paredes, onde os personagens têm de conviver com as diferenças uns dos outros. Uma frase que nos traz uma profunda reflexão sobre a natureza humana e a forma de nos relacionarmos.
As diferenças assustam e incomodam, mas por vezes, é impossível não conviver com elas.
No ambiente de trabalho por vezes o mais difícil não é o trabalho em si, mas sim, o ter que conviver com certos colegas de profissão. Colegas estes que se não fosse o ambiente de trabalho, de certo não teríamos nenhum interesse de contato na vida. No ambiente acadêmico é a mesma coisa, quando alunos são obrigados a formar os “famigerados grupos de trabalho” e por vezes, na falta de opção, se reúnem pessoas que não tem nada em comum.
Em família idem, muitos parentes se assim não fossem, não seriam interessantes nem como vizinhos.
No entanto, é necessário conviver e mais do que isto, importante perceber que na verdade é o olhar do outro que nos constitui como humanos.
No entanto, realmente existem as diferenças que incomodam e nesta hora, devemos mais uma vez aguçar nossa percepção e perceber que por vezes, o que nos incomoda no outro na verdade é algo que existe em nós e nós tentamos evitar. Importante isto.
O que mais nos chama atenção no outro, de alguma forma é algo que rejeitamos em nós.
A parte, questões de mau caráter que na verdade nos atinge por conta de mexer com valores nos quais acreditamos e devem ser respeitados em nome da ética humana, existem outras questões que nos incomodam pelo simples fato de que existe um algo desta natureza em nós também e que incomoda a nós e não ao outro.
Reflita sobre isto. Você descobrirá importantes facetas suas. Isto faz parte do necessário autoconhecimento.
Fecha o pano.

Fernando Martins
https://osegredo.com.br/2016/12/o-inferno-sao-os-outros/

JC Debate | Reforma da Previdência | 14/12/2016

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Ao desalojar as ilusões que nos aprisionam, ao abrir mão das expectativas infundadas, passamos a enxergar o que de fato pode nos pertencer.
A insistência em perseguir o que não temos priva-nos de perceber o que já nos foi dado. Desistir também pode ser exercício de amor-próprio.
Movidos pelas paixões ficamos impossibilitados de tocar a verdade do outro. Ninguém é obrigado a corresponder ao que dele imaginamos.
Um dos aspectos que mais evidencia a evolução de um ser humano, é a perda da necessidade de se mostrar melhor que os outros.
O amor só se confirma depois da decepção. Antes disso pode ser mera projeção, postura infantil de querer no outro o que deveria ter em si.


Padre Fábio de Melo

O Demônio da Perversidade | PEDRO CALABREZ | NeuroVox 011