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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A MÃE DO FILHO

O "pequeno" cresceu.
A mãe o ensinara a crescer... e crescer significa ser responsável tomando decisões e assumindo consequências.


Aprendeu.


Cresceu tanto, que decidiu ir. Decidiu por si mesmo, sem perguntar se a mãe ia sofrer. Nem para a própria mãe e nem para ele mesmo.

- "Vou experimentar. Se não gostar, volto."


Nem aquele: "você não fica triste?", de quando era pequeno.
E a mãe racionaliza que é um direito dele querer ir e pensou:

- "Vai ser bom p’ra ele. - Que bom!"

O menino aprendera a se respeitar, a seguir os próprios impulsos medindo as consequências por si mesmo.
Sentindo-se vitoriosa, a mãe constatou que conseguira ensinar, com simples palavras e atitudes, o que aprendera por si mesma a duras penas.
Racionalmente, tudo bem!
Mas mãe, aquela que vem das entranhas, que gerou, que pariu, não consegue ver a pessoa do filho, mas a sua cria.
É animal. Não animal sem alma, mas com um instinto tão forte que sufoca a razão.
A vitória se manifesta em choro.
Saudade.
De manhã, o barulhinho do chuveiro, o rock baixinho no quarto.
À tarde, o telefone, sempre ocupado.
De madrugada, a televisão ligada. Copos pelo chão. Tênis pelos cantos. O sono pesado e inconsequente da adolescência e juventude.


No armário vazio, só os cabides atestam: ele não mora mais ali.
Vai voltar?... a mãe só sabe que o quarto vazio, irritantemente arrumado, dói demais... e vai doer ainda, até que a mulher consiga refazer a mãe dentro de si e fique apenas feliz porque o menino cresceu.


Um mês depois, a mãe encara o menino crescido. Não dói mais. Está refeita, plenamente feliz e sente orgulho, pois:
O "pequeno" cresceu e não se foi... apenas mudou de endereço.


http://planeta.terra.com.br/arte/janice/

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