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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

CONTROLADORES...

Que horas ela chegou em casa? O que trouxe para o jantar? Por que eles brigaram? Você é daqueles que não deixa passar nada ao redor e quer saber de tudo o que acontece, mesmo que não esteja diretamente relacionado com a sua vida? Cuidado! É bem provável que você faça parte do time dos supercontroladores. E ao contrário do que possa parecer, essa não é uma característica tão positiva assim.


“São indivíduos que vivem em uma insatisfação crônica com a vida”, define Miriam Rodrigues, psicóloga que cuida do projeto Educação Emocional Positiva (www.educacaoemocionalpositiva.com).

Esse tipo de pessoa tende a ser insegura, ou seja, sente dificuldade em lidar com as oscilações e inconstâncias da vida. Por esse motivo, precisa ter a sensação de que consegue comandar algumas situações para que não se desequilibre emocionalmente. “O fato de saber que somos seres suscetíveis gera um desconforto, pois concretiza nossa vulnerabilidade e fragilidade”, explica a psicóloga Roberta Ocaña.

Os controladores têm mania de perfeição e não encaram de maneira prática os imprevistos nem a necessidade de mudança. O resultado disso é viver em constante estresse, ansiedade e frustração.

“Muitos controladores que atendo na clínica vivem uma situação de extremo incômodo, pois percebem que não podem comandar tudo e, mesmo que planejem o dia em que vão sair de férias, por exemplo, não podem prever as variantes do tempo, como sol e chuva”, constata Miriam.

Segundo os especialistas, esse modelo de comportamento é proveniente da infância. Via de regra, um supercontrolador foi uma criança que manipulava os pais e tinha satisfação nisso. Ao crescer, a atitude só se potencializou.

O problema é que, além de se tornar um tanto inconveniente, querer monitorar tudo é prejudicial para o próprio controlador. Por não tolerar a frustração, esse indivíduo sente muita dificuldade para se relacionar. Sem perceber, acaba por se tornar uma pessoa arrogante, irritadiça, ansiosa e solitária.

LIMITADOR PROFISSIONAL

Se a necessidade de controlar tudo já é ruim no convívio social, na vida profissional ela ganha caráter de desastre. Ainda mais quando o supercontrolador é o chefe.

“Normalmente, um diretor de empresa que é maníaco pelo controle justifica a atitude com frases do tipo 'o olho do dono é que engorda o gado', mas isso pode causar uma sobrecarga nele, comprometendo não só os seus resultados, como o de toda a corporação”, acredita Miriam.

A falta de confiança em seus funcionários faz de um supercontrolador de alta patente um obstáculo ao desenvolvimento de todo o ambiente corporativo. “A partir do momento em que delega função ao outro, ele terceiriza também as responsabilidades e sua própria segurança, por isso, não consegue dividir as funções”, crê Roberta. Para ela, um comandante precisa entender que ter o controle nas mãos significa confiar nas pessoas que estão nos cargos de confiança, afinal, se o chefe contratou para determinada função é sinal que a pessoa tem capacidade, e não confiar nela é também não confiar no próprio potencial.

“É preciso se conscientizar que cada pessoa tem uma especificidade e uma habilidade e que isso unido tente a gerar um progresso muito mais rápido e efetivo”, incentiva.

MUDANÇA DE ATITUDE

A primeira coisa que um obcecado por controle precisa perceber é que não existe nada e nenhuma circunstância na vida em que ele esteja completamente só e possa administrar tudo. Outro ponto importante é manter o foco no presente, evitando sofrer por antecipação ou projetar problemas que ainda nem existem.

“Uma boa maneira para mudar a sua forma de ver a vida é se conscientizar que ser vulnerável faz parte da própria experiência humana, e é isso o que nos faz crescer, evoluir e aprimorar”, sugere Roberta. Assim, fica mais fácil aceitar que não podemos nem precisamos estar no controle de tudo.

Fonte: http://www.suaescolha.com.br/portal/comportamento

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