Se deus
existe, creio no verbo querer, e quero que esteja tanto na palavra quanto no
gesto.
Se ele
existe, não quis provar-se visível. Preferiu ser vento, a nos levar de nós
mesmos e trazer-nos de volta, feito ondas perpétuas no desfazer e fazer dos
beirais das águas.
Se deus
existe, não deve ser lá nada exigente. Deixou livre para a gente, o arbítrio de
sermos ruins, ruins e bons, até que por uma tal lei que, esta sim, sabemos que
existe, a da ação e reação, possamos ser apenas bons.
Se ele
existe, creio que não faça questão de letras maiúsculas. Afinal, o respeito
mora mais em atitudes ocultas que vistas.
Se deus
existe, ninguém ainda o descobriu de vez. Pois é visto de um jeito por vez, por
cada um que o chama de deus.
Se ele
existe, deve ser o que chamam de amor e também o que não chamam. Pois a luz só
existe na sombra, e o silêncio, depois do barulho.
Então,
se deus existe, para tudo o que vivemos, entre prazeres indescritíveis e dores
horríveis, deve haver um porquê. Um porquê, que explique porque nascemos onde
nascemos, porque somos filhos de quem somos, ou porque, mesmo crendo em deus,
agimos de forma tão contrária à que agiria aquele que para a maioria, o
representou na Terra.
Victor Chaves
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